Refletindo sobre o que seria a continuidade, em um aspecto bem amplo do significado desta palavra, inevitavelmente cheguei ao tempo! O que é exatamente o tempo? Como ele está para o homem e como o homem se coloca diante dele? Ele realmente existe, é algo real?
Em meio a estas questões fui tomado por um fluxo intenso de recordações acerca de estudos outros sobre este tema e de setores relacionados ao tempo.
Neste mar de ponderações uma imagem me veio à mente e a intenção é de compartilhá-la.
Reparem nas figuras abaixo:
Imaginem um tubo, com três anéis vedando o fluxo, colocados de forma que se mantenham com certa distância entre eles. Observando a figura lateralmente podemos notar que cada anel mantém sua individualidade, seu momento de ser. Se girarmos o tubo de forma que o observemos pela fronte veremos apenas um disco, como se todo o tubo se resumisse a este disco, como se todos os discos fossem um! Esta idéia logo desaparecerá se a observação for feita por cima da figura, pois saberemos de forma bastante clara que cada disco está lá, totalmente independente um do outro!
Vamos agora observar outro cenário. A figura a seguir mostra linhas do tempo, onde as linhas contínuas significam a vida de cada pessoa e as pontilhadas as ligações entres estas vidas.
No momento seguinte da linha de tempo existem as possíveis decisões, um leque de possibilidades que, quando escolhidas, assumem a linearidade temporal e as outras simplesmente deixam de existir (ou não!!!). A visão lateral desta figura, assim como no exemplo do tubo, inibe a percepção não só da conexão entre as pessoas como também o infinito de possibilidades que podemos encontrar no instante seguinte. Em resumo, a percepção de tempo nos limita e segrega!
Uma observação importante é que quando olhamos esta figura por uma perspectiva superior veremos que a direção destas linhas perde totalmente o significado, pois ela dependera exclusivamente do observador. Uma leve alteração da posição poderá modificar totalmente o curso do tempo, o passado poderia ser o futuro e o presente poderia ser o momento que se desejasse. Seria algo análogo a observação da posição da Terra no universo. Alguém aqui poderia dizer se o planeta esta voltado para baixo ou para cima? Esta questão simplesmente não pode ser respondida de forma absoluta, pois será sempre relativa a algo ou alguém.
Assim é a maneira que sentimos o mundo. De modo geral não percebemos que os eventos podem ser distintos, que os momentos vividos podem ser observados de forma totalmente diferente do similar no pretérito e também no futuro. A busca incessante ao desenvolvimento é algo totalmente falso quando ela está vinculada ao futuro, neste caso ela existe como distração para nos mantermos no que chamamos de passado. O agora foi o futuro do ontem então já estamos onde queremos chegar! A questão pode ser colocada da seguinte forma: Muitas vezes vivemos o agora da maneira que o ontem ou que o amanhã determinam! Por que simplesmente não se vive o instante, com a responsabilidade adquirida, seja ela em que abrangência for? Esta seria a conduta livre, respeitosa, atemporal, adimensional! Não é verdade que o instante está invariavelmente comprimido entre o passado e o futuro!
“Tempo”, uma palavra que poderia ter a seguinte definição: É o local mental onde arquivamos insanidades! Um verdadeiro antiquário é este “tempo”!
A reflexão sobre este assunto é de grande importância. A meta não é ser o dono do tempo, pois não se pode ser dono de algo que não existe! A vida é mais que caminhar em um sentido linear, onde a única possibilidade é a bilateralidade, ela é maior que todos os conceitos, que a consistência das coisas e fatos. A vida não é mera geradora de recordações, ela é muito mais, ela nos dá a possibilidade de expansão da consciência em todas as possibilidades que podemos vislumbrar, pois tudo já está em tudo, sempre esteve!
Viva, agora, seja em que tempo se perceba estar, simplesmente VIVA! Um dia saberemos que não estivemos e nem estaremos, perceberemos que simplesmente estamos!!!